
Bar Mileczny Pod Temida
Goldwasser, pierogi, carne de pato, sopas (de beterraba, tripa de porco, cogumelos etc), vodka artesanal, torta de maçã, bigos, fígado de peru: a comida da Polônia é bem conhecida no sul do Brasil – meu restaurante polonês favorito está em Porto Alegre, é o Polska e, ao menos quando eu ainda residia em Porto Alegre, era excelente, cujos proprietários, imigrantes vindos da Polônia ao Brasil nos anos 20, servem uma farta mesa polonesa com uma série de pratos desta culinária.
Então, já que a culinária polonesa sempre esteve entre as minhas favoritas (além da brasileira, portuguesa, japonesa, alemã, húngara, árabe e italiana), me senti no paraíso na Polônia. Lá, o tradicional sempre foi, mesmo antes do comunismo, o milkbar ou seja, as leiterias voltadas à classe trabalhadora. Mas muitos restaurantes abriram após o fim do comunismo e há aqueles tradicionais, que datam de séculos atrás.
Você não esteve no país se não visitar uma leiteria! E esses locais bem simples estão aos poucos fechando suas portas. Em um bandejão, onde funcionários só falam polonês, você pede seu prato. Eu chutei e dei sorte: sopa ucraniana (é com vegetais), pierogi de batata com goulash de porco e kefir pra beber – tipo um iogurte muito mais saudável. O nome milkbar é porque muitos produtos são a base de leite e batata e não vendem álcool. Hoje em dia vendem Coca Cola, mas claro que na época do comunismo não vendiam. Toda essa fartura (e estava saboroso, bem caseiro) por apenas cerca de 6 Reais (!!) – isso em 2016, mas tenho certeza que o preço não mudou muito de lá para cá. O almoço mais barato da minha vida. Tem que pagar rápido, em dinheiro, porque há outros na fila. Almocei em uma típica leiteria de Cracóvia, a Bar Mileczny Pod Temida: local limpo, bom e barato e ainda é saudável, com um delicioso Kefir para beber. E de sobremesa, uma espécie de bolo típico polonês delicioso.
Pod Łososiem
O restaurante que decididamente mais gostei na Polônia foi o Pod Łososiem, em Gdansk. Ali você pode sentir a História daquela cidade que já se chamou Danzig. É um local com decoração belíssima e prestigiado (ali foram organizados jantares ao papa João Paulo II e estiveram muitos primeiros-ministros europeus, George Bush etc), cuja história remonta ao século XVI. Veja que ambiente mais incrível:
Em 1598, o menonita holandês Ambroży Vermollen fundou sua famosa produção de licor Goldwasser (água dourada), que veio a se tornar o “Danziger Goldwasser”, licor com ervas ou “vodka de Danzig”.
Esse licor foi apresentado nas várias cortes europeias, sendo o favorito da imperatriz Catarina. Hoje, o verdadeiro dono e herdeiro da receita é Graf von Hardenberg, proprietário da fábrica de licores alemã Hardenberg-Wilthen AG.
E o que eu consumi: sopa de cogumelos em um pão caseiro, perogi e uma sobremesa típica com frutas vermelhas
Belvedere
Após a experiência no Pod Łososiem, adorei o Belvedere, em Varsóvia. Excelente opção de comida sofisticada polonesa. Além de ser um restaurante com estrelas Michelin, vale a visita pelo lindo salão que comporta o restaurante no ainda mais belo Parque Lazienski, cujas fotos estão no meu post sobre a viagem a Varsóvia – o primeiro, de estreia do blog.
U Fukiera
O U Fukiera é um dos melhores restaurantes de Varsóvia, que data do século XVI (o mais antigo de Varsóvia), também premiado. Ali eu me esbaldei: sopa de tripas de porco, steak tartare (típico também na Polônia), um lombo de porco típico do local etc etc. Fiquei impressionada que eles ingerem vodka junto com a comida, algo que nós não fazemos jamais. Eles sempre oferecem uma vodka artesanal, feita no restaurante, em sabores de menta, maçã, canela, gengibre… E são leves porque muitas levam licor de rosas nas receitas. Os poloneses bebem muito vinho também e o vinho de lá é excelente. Eu provei e gostei. Pratos: Steak Tartar (Hackepeter) versão polonesa, pierogi (de novo!), costela de porco e uma torta de maçã típica polonesa – é mais pesada do que a alemã, leva mais massa, mas também é deliciosa.
Pod Aniolami
Em Cracóvia, visitei outro bem antigo, o Pod Aniolami (Entre os Anjos), que tem uma atmosfera medieval. situado na rota Real, fica em uma construção gótica do século XIII que já abrigou uma ferraria. Ali eu comi o bigos (porco com ameixas e repolho, prato preferido de João Paulo II, que eu já conhecia no Brasil e sempre adorei), sopa de beterraba, vinho polonês e uma loucura de torta polonesa coberta por avelãs, manteiga de ameixa, frutas vermelhas e cerejas. E de cortesia ganhei uma vodka de menta artesanal.
Starka
O Starka é um restaurante descontraído e muito bom em Cracóvia, premiado também, onde é possível encontrar alguns pratos típicos (e bem conhecidos no Rio Grande do Sul como a deliciosa morcilha, salsicha de sangue!), sopa de beterraba com pierogi, peito de pato, além de vodkas caseiras, de gengibre e canela, que eles também me deram de cortesia – que gente cortês e de boa vontade, não é mesmo? Ou eles gostaram de mim…
Kubicki
Vale mencionar outro do início do século XX, de 1918, em Gdansk, maravilhoso também, o Restaurante Kubicki, onde desfrutei um fígado de peru e uma sopa típica de centeio azedo com salsicha branca:
Literatka
E agora um café. Em Varsóvia, o simpático Literatka está localizado em uma casa do século XVII, abaixo da Casa da Literatura. Fica na famosa rua Krakowskie Przedmieście. Eles servem a típica torta de maçã e um vinho quente, que parece o Glühwein alemão (ou o quentão, vinho quente brasileiro de festas juninas).