Spa do Vinho: uma experiência cultural e sensorial no Vale dos Vinhedos

Spa é rodeado por 18 hectares de vinhedos próprios

Sempre quis conhecer o tão badalado Spa do Vinho Hotel, outra maravilha no meu estado, na região de imigração italiana, nos arredores da cidade de Bento Gonçalves. Eis que surgiu a oportunidade na viagem em que fizemos no inverno do ano passado pelo Rio Grande do Sul. Desnecessário dizer que o hotel é deslumbrante (e desfrutei por uma tarde do Spa em si, com terapias corporais à base de semente de uva). A proposta é toda voltada ao enoturismo, vinicultura, enologia, com ênfase nos vinhos brasileiros, produzidos no RS, embora também sirvam vinhos do Velho Mundo.

Os sócios minoritários do Spa do Vinho são a vinícola Miolo e a empresa Tramontina (todas locais) e o sócio majoritário é uma empresa de construção do sul. O cenário é bucólico, no alto de uma colina, com o hotel rodeado por 18 hectares de vinhedos próprios. O Spa do Vinho Hotel é membro da Autograph Collection, selo lançado em 2010 pela Marriott International, a maior rede hoteleira mundial, que consiste em uma exclusiva coleção de hotéis de luxo independentes, em que cada destino é escolhido de acordo com sua originalidade, características e detalhes incomuns.

O que mais surpreende é o pôr do sol nessa localidade. Sem nenhum tipo de filtro, é incrivelmente real. Assim era a vista do nosso quarto em direção aos vinhedos. Recomendo se hospedar no inverno – eu sou suspeita para falar porque é minha estação preferida e a minha região é a única do Brasil onde as temperaturas ficam abaixo de zero.

Além da vista panorâmica dos vinhedos, nossa suíte, a Regia Nova Safra, tinha sala de jantar, lareira a gás, cama king size e uma chaise longue, que pode acomodar uma terceira pessoa.

Sofisticada, a decoração do hotel foi cuidadosamente pensada para realçar a herança cultural da imigração italiana no Vale dos Vinhedos. As áreas sociais abrigam peças de mobiliário originais das antigas famílias de imigrantes, restauradas pelo antiquarista Luís Fitarelli.

Tour pelos parreirais

Visita guiada aos parreirais é uma das experiências oferecidas pelo hotel

Fizemos uma caminhada com guia pelos parreirais, onde a história da imigração italiana se confunde com o local. Em 1875 os italianos chegaram ao Brasil – os alemães, a partir de 1824. Cada família recebia do então Império do Brasil (Dom Pedro II – à época da Monarquia) um lote de 24 hectares para cultivar. A família Miolo recebeu o lote de número 43. O bioma predominante da região era a Mata Atlântica. Os alemães que chegaram em 1824 receberam terras mais planas.

Os alemães já cultivavam a uva Isabel. Posteriormente, os italianos continuaram com o cultivo da casta Isabel e ainda trouxeram castas do Vêneto quando chegavam nos navios. O que vi cultivado no hotel: Merlot, Cabernet Sauvignon, Tannat, Pinot Noir, Cabernet Franc, Alvarém, Chardonnay, entre outras.

As roseiras estão presentes por funcionarem como bioindicadores de pragas e fungos – técnica que começou com os monges de Borgonha, na França, que muito estudavam a composição do solo.

Enogastronomia

Restaurante Leopoldina

O Spa do Vinho Hotel oferece um pouco de tudo. Desde almoços com parrilha e a tradicional feijoada aos sábados, até piquenique nos vinhedos e passeio de balão.

Agendamos o imperdível Sunset Harmonizado, que dá direito à degustação de vinhos do RS com vista para os vinhedos no pôr do sol. Nessa experiência, que inicia após às 17h, é possível contemplar a mais bela vista do Vale dos Vinhedos, brindando com diferentes vinhos à medida que o céu muda de cor ao entardecer. A escolha das bebidas – uma taça de espumante Brut, seguida por vinhos Rosé e Tinto, respectivamente – é proposital para acompanhar o espetáculo do crepúsculo. A degustação vem acompanhada por uma tábua com uvas, frutas secas, queijos e charcutaria.

Bebemos vinhos diariamente nos 4 dias em que nos hospedamos. Além de Grappa, claro, destilado de uva introduzido pelos imigrantes italianos no século XIX e produzido até hoje na região.

Grappa produzida na região

Há dois restaurantes no hotel, sendo um deles o Leopoldina. A comida é internacional com um toque da Itália e do Brasil.

Recomendo de entrada o pato marinado em café com ameixas, molho de cacau e purê de aipim e batata doce. De prato principal, o excelente cappellacci de ricota, espinafre e nozes, com molho de manteiga e sálvia, e, de sobremesa, o entremet com mousse e compota de maracujá, servido com crocante de chocolate. Qualquer que seja a escolha no Leopoldina, você não se decepcionará, com certeza. O outro restaurante nos serviu, assim que fizemos o checking, um ótimo hackepeter (steak tartar).

Vino Spa

Tratamento digno de uma rainha

Ao se hospedar no hotel, é totalmente recomendável tirar ao menos um turno de um dia a sua escolha para aproveitar o Vino Spa. Foi o que eu fiz. Escolhi dias para conhecer cidades da região e durante uma tarde desfrutei de um tratamento digno de uma rainha no Spa. Fiz massagem, esfoliação e fiquei submersa em uma banheira com extrato de sementes de uvas. O Spa do Vinho muito se orgulha de ser o único centro terapêutico representante no hemisfério sul da Vinoterapia. É bom reservar com antecedência, pois a experiência é muito procurada não apenas por hóspedes.

Além da série de terapias corporais e massagens disponíveis, o Vino Spa desenvolve e comercializa no local sua própria linha de produtos vinoterápicos dermocosméticos, obtidos a partir dos polifenóis das uvas. Os produtos para a pele, cabelos e banho são os mesmos utilizados nos tratamentos oferecidos no spa.

O relaxamento é garantido. Há até uma piscina coberta e aquecida com espreguiçadeiras.

No próximo post, falarei sobre as cidades visitadas nessa região de imigração italiana.

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