
A maior surpresa em Óbidos foi a conexão que descobri com o ex-presidente brasileiro Juscelino Kubitscheck, o qual tornou Brasília, a atual capital do Brasil, realidade. O bar mais antigo de Óbidos era um dos lugares preferidos de Juscelino. Nesse bar, chamado Ibn Erik Rex (“filho do rei Henrique” – Ibn sendo filho em árabe, Erik do nórdico e Rex do latim, de modo a ilustrar a rica mistura cultural de Portugal), o atual dono, seu Tavares, me contou que Juscelino era um grande amigo do antigo proprietário, seu Montês. Ali está exposto, com orgulho, a todos os visitantes, os votos de Juscelino desejando um bom ano de 1974 ao proprietário.
O Ibn Erik Rex funcionava até os anos 50 como um antiquário, onde era vendido o Ginja (um licor de cerejas selvagens muito admirado pelos portugueses). Com o tempo, as pessoas foram procurando o estabelecimento mais para provar a Ginja do que para comprar antiguidades. Hoje, o que resta do antiquário são algumas espingardas na parede. E o bar é super procurado por conta desse licor.
Desde 1975, o local funciona exclusivamente como bar e o proprietário é o senhor Tavares, um português com centenas de amigos brasileiros – a típica pessoa simples e querida, que sabe cativar a todos, que dá vontade de conhecer e faz diferença no mundo. Ele coleciona garrafas (presas ao teto) de várias bebidas (é uma coleção impressionante!), incluindo as cachaças 51 e Velho Barreiro.
A arquitetura de Pirenópolis, no Estado de Goiás, me lembrou de alguma forma a de Óbidos. Sério mesmo. As casas brancas e as coloridas, com suas ruas estreitas… Aquela aura agradabilíssima. Então o local me pareceu de certa forma familiar e despertou em mim imediata simpatia.
Óbidos é uma cidade cercada por muralhas do século XIV. Quando o rei Dinis se casou com Isabel de Aragão em 1282, Óbidos foi um dos presentes que ele deu à esposa. Na época, era um importante porto, mas foi assoreado durante o século XVI e sua relevância estratégica declinou. A cidade foi restaurada e está conservada como um cartão-postal. A rua Direita, a principal rua comercial, leva à praça de Santa Maria. Ali, um pelourinho manuelino é decorado com uma rede de pesca, o emblema de dona Leonor, mulher de João II. Ela o escolheu em honra dos pescadores que tentaram salvar seu filho de um afogamento.
A sudeste da cidade fica o Santuário do Senhor da Pedra, barroco, iniciado em 1740 de acordo com um plano hexagonal:
Jantamos no Castelo de Óbidos, que hoje funciona como uma pousada e tem um restaurante divino – super recomendo para quem for a Óbidos. Um local lindo com arcos manuelinos. Esse castelo está entre as sete maravilhas de Portugal e seu hotel (Pousada do Castelo) está entre os 500 melhores do mundo.
Nós ficamos no Hotel Real D’Óbidos, que tem uma linda decoração com ares medievais. Bem inspirador:



O museu da cidade traz obras do Barroco português, com destaque para o trabalho de uma grande artista chamada Josefa de Óbidos:
A cidade é conhecida pelo ótimo chocolate (tem festival em março) e pelo festival medieval, que acontece em julho e agosto. E pela bela e excelente Livraria de Santiago. Comprei o do Chesterton: