Anavilhanas: lodge luxuoso em plena floresta amazônica

Recepção do hotel, que disponibiliza uma programação completa para conhecer a Amazônia

Eis nosso encantador hotel na floresta amazônica, o Anavilhanas Jungle Lodge, exclusivo hotel de selva, localizado em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas, às margens do Rio Negro e a 180 km de Manaus, capital do estado do Amazonas (Região Norte do Brasil). Fiquei hospedada recentemente, em março deste ano, e optei pela experiência completa de hospedagem: seis dias e cinco noites. Há, porém, opções de estadia menores, a exemplo de uma que abarca apenas três dias e duas noites. A escolha, portanto, dependerá do tempo disponível de cada um. Já adianto que vale a pena se hospedar por seis dias. Ficamos nesse lodge logo após passarmos quatro noites em Manaus.

Os responsáveis pelo Anavilhanas também são proprietários do hotel que ficamos em Manaus, também excelente: o Villa Amazônia, sobre o qual abordarei em um próximo post.

Foi o presente que dei a meu esposo, Welf, pelo seu aniversário em 2020 – e adiei a viagem por conta da pandemia e de contratempos que surgiram. O hotel oferece uma extremamente organizada experiência de aventura, ecoturismo e contemplação no coração da exuberante floresta amazônica em uma série de tours, com um serviço diferenciado e muito conforto.

Recepção de boas vindas com suco de cupuaçu e castanhas-do-pará (iguarias típicas de lá)

Funcionando desde 2007, o Anavilhanas é norteado pelos princípios de menor impacto, conduzindo a atividade turística de forma responsável e harmoniosa com a comunidade local. O Parque Nacional de Anavilhanas conta com 400 ilhas e 600 lagos e mais de 200 quilômetros de canais. A área é um berçário de peixes e lar de botos (golfinhos), rabos-de-arame, preguiças, sucuris, mucucus-gigantes e uma infinidade de outros animais.

Há um spa onde são disponibilizadas massagens mediante agendamento, loja que vende artesanato local e geleias de frutas da Amazônia (como açaí), academia de ginástica, espaço de relaxamento com redes, piscina de borda infinita com vista para o Rio Negro, deck com bar flutuante (local de chegada dos passeios) às margens do Rio Negro, área para fumantes como eu etc. Há até uma fonte para reabastecer água potável (de graça) e não manter-se hidratado, já que as pessoas costumam se esquecer de beber água na Amazônia por conta do clima muito úmido. Eles dão aos hóspedes garrafas de presente para sempre nos abastecermos com água dessa fonte. Veja:

O grande atrativo é uma torre onde é possível contemplar as copas das árvores e se maravilhar com o belíssimo pôr do sol.

Os quartos são muito confortáveis, localizados no meio da floresta, em cottages, chalés e bangalôs rústicos no meio da floresta. Nos hospedamos em um quarto chamado “panorâmico”, equipado com banheira de imersão, ventilador de teto, frigobar, cofre, secador de cabelo e completamente imerso na mata. Com 70 metros quadrados, os panorâmicos contam com uma parede de vidro de 10 metros de comprimento, com vista para a floresta, ducha quente, TV com canais SKY e uma varanda com rede e sala de estar. Cada cômodo é representado por um animal amazônico. O nosso foi a iguana. Ao fim da estadia, você leva seu animal em madeira pra casa de graça (produto de artistas locais). Imagens do nosso quarto, o panorâmico:

 

Restaurante

Restaurante onde são servidos o café da manhã, almoço e jantar

Todas as refeições (café da manhã, almoço e jantar) estão incluídas nas diárias em esquema de pensão completa, além de um farto chá da tarde servido às 17h, após os passeios, na área onde estão a recepção e um bar.

Os hóspedes só pagam pelas bebidas que consomem. Os pratos são deliciosos, sempre privilegiando a culinária local, como peixes, pato, queijo coalho, tapioca e frutas locais como o açaí e o cupuaçu. Há, porém, opções de confort food no menu para quem prefere não experimentar a cozinha amazônica. Drinks excelentes são preparados com as frutas locais – não deixe de experimentar o Drink Anavilhanas, à base de vodca, maracujá e licor de açaí. Nos cafés da manhã, sempre servem o mais puro açaí amazônico e um iogurte com granola para acompanhar.

Alguns dos pratos típicos que tive o prazer de provar: caldeirada de tambaqui e farinha d’água, pirarucu com pesto de jambu e jerimum assado, melaço de taperebá, arroz de pato no tucupi, barriga de porco etc. De sobremesa: pudim de tapioca com farofa doce, cocada com castanha-do-pará, cheesecake de açaí, creme de cupuaçu com ganache de chocolate… Enfim, o restaurante serve, no almoço e jantar, uma releitura sofisticada de pratos típicos da culinária da Região Norte do Brasil, com ingredientes locais.

 

Atrações do pacote que escolhi: 6 dias e 5 noites

Local de saída dos passeios

O hotel disponibiliza uma programação com uma série de atrações para quem opta pela hospedagem de seis dias. Descrevo quais foram essas atividades:

1º dia

Nossa primeira aventura na floresta da Amazônia foi remar em uma canoa cabocla de madeira no meio dos igarapés. Entre árvores e rios, admirando a paisagem que se abre a cada curva e a água que inunda a mata. Estava chovendo bastante (o que é habitual na Amazônia), mas mesmo com chuva o passeio vale muito a pena. Tudo é organizado na mais completa segurança, os guias fornecem boas orientações em português e inglês.

Após o entardecer foi a vez da focagem noturna, que consiste em um passeio de lancha pelo arquipélago de Anavilhanas. Com lanternas, os guias param para explanar sobre a flora e a fauna da região e avistei alguns pássaros e serpentes.

 

2º dia

A ideia seria encontrar o boto cor-de-rosa, mas ele talvez seja muito tímido para aparecer diante de grandes multidões… parecíamos paparazzi à procura de uma grande celebridade e nada dele aparecer. Em contrapartida, fizemos um lindo passeio pelas ilhas e conhecemos a macucu, árvore de 400 anos. Ainda foi possível nadar no Rio Negro. A superfície da água forma um “espelho”, refletindo a vegetação. Se minha memória não falha, creio que, ainda no segundo dia, fomos apresentados à prática de arco e flecha com artefatos originais da etnia Waimiri-Atroari. Minha pontaria, contudo, é péssima, mas foi divertido.

3º dia

Fizemos uma trilha pela floresta de cerca de três horas com um grupo de hóspedes, onde avistei tarântulas, que estão entre meus animais preferidos. O guia forneceu mais explicações sobre a floresta, mas só de estar ali testemunhando aquela paisagem incrível já é suficiente. Confesso que nem prestei muita atenção às informações que ele passava, maravilhada que fiquei com o lugar.

Nesse dia ainda fizemos visita guiada à Comunidade Ribeirinha Tiririca, uma das muitas localidades caboclas tradicionais espalhadas pela região. Os próprios moradores explicam sua organização social e mostram o cultivo de espécies agrícolas. Pássaros de vários tipos aparecem ali e interagem com os visitantes.

4º dia

Participamos de uma expedição em barco regional. Navegamos um dia inteiro pelas águas do Rio Negro, explorando canais, lagos e ilhas de Anavilhanas, saboreando o tradicional tambaqui assado na brasa (delicioso peixe amazônico) e descansando em confortáveis redes após o almoço.

De propriedade do Lodge, o barco conta com um bar, onde são preparadas caipirinhas de vários sabores. O serviço desse atrativo oferecido pelo hotel Anavilhanas Jungle Lodge é impecável.

O barco parou em duas ocasiões. A primeira parada foi em um local próprio para mergulho. Um brasileiro no nosso barco teve a coragem de pular na água do segundo andar do barco…

A outra parada foi em uma base da Polícia Federal e sede do ICMbio. Ali fomos apresentados ao Jason, um jacaré-açu (black caiman) de 45 anos e quatro metros. Esse jacaré é a maior espécie de crocodiliano da Amazônia, podendo chegar a seis metros e 300 quilos. Eles vivem, em média, 100 anos de idade.

O Rio Negro é o maior rio de águas pretas do mundo, em volume de água (28.400 metros quadrados por segundo) e extensão (2.250 quilômetros), passando mais águas por seu leito do que em todos os rios da Europa juntos. Junto com o Rio Solimões, o Rio Negro forma o Rio Amazonas, o maior rio do mundo em volume de água e extensão.

5º dia

Fomos ao coração da floresta amazônica, em um passeio privativo onde conhecemos as Grutas do Madadá. Fizemos uma trilha de cerca de três horas, guiada por entre algumas formações rochosas muito peculiares, que estão sitiadas a 50 km do Lodge. As Grutas do Madadá são repletas de morcegos, mas eles não atacam – são bem amigáveis.

A trilha começa por uma floresta secundária. Isto significa que a área foi cortada para agricultura de subsistência há uns 20 anos e uma nova mata cresceu novamente. Afinal, a população local, composta por alguns índios, mas principalmente por mestiços (caboclos, mistura de português com indígenas) precisa comer. Ninguém vive “de luz”. E a região do arquipélago conta com uma população de cerca de 23 mil pessoas, sendo 20 mil no município próximo, de Novo Airão, e uns 3 mil nas comunidades ribeirinhas (de caboclos, mestiços) que vivem em diversas comunidades espalhadas pela região. Plantaram mandioca, bananas, abacaxi etc. Em seguida, passamos pela floresta primária (sem intervenção agrícola) e, por fim, conhecemos finalmente as formações rochosas.

Essa região não é considerada Anavilhanas e nem propriedade do Parque Nacional, como o guia nos informou. Segundo ele, é o “coração da floresta amazônica” e na área do Madadá costumavam viver alguns índios, os quais deixaram a área anos atrás porque optaram por viver na cidade de Novo Airão. Aliás, a área que visitamos das grutas integra atualmente o município de Novo Airão.

A surpresa ficou por conta da base avançada (outpost) do nosso hotel, onde mais um delicioso almoço típico esperava por nós. Fica no meio da floresta, nas imediações das grutas, e fora construída como atrativo para esse passeio. O local conta com banheiros, chuveiro, almoço espetacular e uma bela piscina de borda infinita: tudo com vista para a floresta amazônica.

6º dia

Passeio para contemplar o nascer do sol no Rio Negro. Meu esposo não compareceu a essa atividade porque não gostou da ideia de acordar cedo para se apresentar às 5h20 em uma atividade. Nosso voo de volta para Brasília foi às 3h30 da manhã daquele mesmo dia, então ele não achava uma boa ideia ficar “24 horas no ar”.

Eu, com muita disciplina, topei o desafio, sim! Aliás, ninguém no hotel aceitou acordar antes das 5h da manhã, como se estivessem no Exército – nem o guia e nem os hóspedes. Fui a única a participar, em um passeio que acabou sendo totalmente privativo. Claro que um guia substituto apareceu para me levar no barco rumo ao nascer do sol no rio.

Valeu muito a pena acordar tão cedo! Eu e o guia saímos às 5h30, quando ainda era noite, e fiquei contemplando o nascer do sol até as 6h15. Chovia um pouco e, como eu amo dias chuvosos e mais acinzentados, o tour foi especial para mim. Eu desfrutei de um céu cujas colorações variavam do azul marinho ao dourado.

Tudo isso escutando a trilha sonora perfeita enquanto fotografava: Floresta do Amazonas, composta em 1958, de nosso maior compositor erudito, Heitor Villa-Lobos. E também dele o Choros n.º 10 (“Rasga o Coração”), de 1926. Minhas composições preferidas dele….

 

Quando retornei, após o café da manhã, foi a vez da pesca recreativa de piranha. A isca usada é carne de gado. Em seguida, as piranhas são devolvidas ao rio. Confesso que fiquei um pouco receosa e não tive coragem de tocá-las, apenas admirá-las de longe.

Melhor impossível! Uma das melhores viagens de nossas vidas. Após o almoço, uma van do lodge nos deixou no mesmo hotel onde nos hospedamos em Manaus, sobre o qual falarei a respeito em um próximo post. Foi um modo que encontramos para guardar as malas e dar mais uma volta por Manaus até a hora da partida de volta para Brasília, durante a madrugada.

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