Beja (Baixo Alentejo) – passado Visigótico no Sul de Portugal

Mais uma cidade portuguesa que lembra, em muito, as cidades interioranas, coloniais brasileiras

Escrevi e pesquisei bastante no passado, isso há uns 17 anos, sobre os godos – visigodos e ostrogodos. Eles foram parte do tema da minha monografia. Então, eu me interessei por Beja por conta de seu seu museu visigótico, o chamado Núcleo Visigótico que fica em um antigo convento, enfeitado com azulejos hispano-árabes.

Então, essa visita a Beja faz todo o sentido para mim, que já publiquei isso aqui:

Filhos de Gaut

Os Godos Divididos

Os Registros dos Godos

Um belo pilar visigodo

A área ocupada pelo Núcleo Visigótico fica no Museu Regional de Beja – Rainha D. Leonor. A igreja Santo Amaro ainda possui as colunas visigodas originais.

Reutilização de peça pelos islâmicos. Lápide funerária do século VI reaproveitada em época islâmica, por volta do ano de 1100. Dizeres em árabe com a tradução: “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Deus abençoe a Muhammad. Este é o sepulcro de Muhammad ibn Mufarrij ibn Hud – Deus tenha compaixão dele – Morreu no domingo de Rabi do ano 531”

Beja floresceu sob o domínio visigodo e mouro. A cidade – novamente – parece um município interiorano do Brasil.

Em Beja, que fica próxima a Évora, visite o Museu Rainha Dona Leonor (Museu Regional de Beja), onde estão expostas também peças do período romano, como lucernas, obras mudéjares – e até mais antigas ainda, como lápides da Idade do Ferro, com a chamada Escrita Ibérica (a mais antiga forma de escrita nesse território) – até hoje ainda não decifrada. Aparecem em Mértola, Ourique, Castro Verde, Almodôvar, região do Algarve também.

Lápide com escrita ibérica

Outro bom local com arqueologia em Beja é o Núcleo Museológico da Rua do Sembrano. Mostra, através de escavações arqueológicas, efetuadas durante as décadas de 80 e 90 do século XX, como a cidade foi evoluindo da Pré-História até à Época Contemporânea. Os mais antigos, alguns fragmentos cerâmicos, apontam para uma ocupação deste local que remonta à Idade do Cobre ou Período Calcolítico, no 3º milênio a.C.

Moedas visigóticas no
Núcleo Museológico da Rua do Sembrano
Peças romanas, como vasos e lucernas no
Núcleo Museológico da Rua do Sembrano

O Castelo de Beja ocupa um primitivo castrum romano – a fortificação data da invasão romana à Península Ibérica. Foi o local escolhido por Júlio César para firmar a paz com os lusitanos. A relevância estratégica manteve-se com as tribos germânicas dos suevos, visigodos e com a ocupação muçulmana. A Torre de Menagem (nome dado à estrutura central de um castelo medieval), proporciona uma excepcional vista da cidade. A torre data do século XIV e é considerada um ícone da arquitetura militar da Idade Média em Portugal, na qual convergem o caráter bélico e artístico de forma singular, em uma mescla de estilos românico, gótico, manuelino e maneirista.

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