
Vou estrear a primeira publicação com a Polônia, que conheci em fevereiro de 2016, onde passei nove dias entre Varsóvia, Gdansk (Danzig) e Cracóvia. Sempre me atraí, misteriosamente pelo leste europeu e a Polônia em específico. Na verdade, um tio meu contava que a minha avó, alemã, prussiana, tinha, muito provavelmente, algum ancestral polonês. Minha avó sempre detestou o povo polonês e eu considerava essa visão injusta. Talvez por isso tenha despertado em mim, desde cedo, um interesse pelo país. Ou ainda porque a Polônia sempre renasceu das cinzas. Varsóvia é uma cidade que sobreviveu a tudo que o destino podia lhe lançar – incluindo a completa destruição do seu coração histórico na Segunda Guerra Mundial. Varsóvia é um lugar com um passado extraordinário. Eu super recomendo uma viagem para lá. O Centro se espalha por uma área ampla, um pouco distante da atraente mas turística Cidade Velha, e as ruas abarrotadas de carros e cercadas de edifícios de concreto comunistas, quase ao estilo de Brasília, formam esse caos visual das cidades (como São Paulo, por exemplo, que eu tanto adoro).

O que chama mesmo atenção são os parques Reais, a Cidade Velha (toda reconstruída), a Via Real e o palácio da cultura da era stalinista (grandioso, embora eu não me entusiasme realmente em nada com qualquer legado comunista). Como mencionei no primeiro parágrafo, viajei sozinha à Polônia, o ocorreu um mês antes do meu casamento no civil em Brasília. Meu marido não podia ir e eu fui viajar sozinha pela primeira vez na minha vida. Digo que, na pouca experiência de nove dias de viagem, considerei, pelo que observei, como um país seguro para uma mulher viajar sozinha. Tranquilo. Entre uma cidade e outra me locomovi através de trens (excelentes), jantei sozinha, conheci os lugares sozinha. E quer saber? Eu gostei da experiência. Eu prefiro viajar acompanhada, mas também senti uma grande liberdade para planejar todos meus passeios e horários conforme eu queria. Às vezes (muitas vezes), eu gosto de estar só, almoçar e jantar sozinha enquanto leio um livro ou confiro notícias no celular, ouvir música, pensar sobre a vida e sobre tudo o que via nesse roteiro pela Polônia. Viajar sozinho pode, sim, ser muito prazeroso – principalmente para mim, que tendo a ser mais introspectiva e não sinto grande necessidade de conversar muito com outras pessoas, principalmente estranhos.
O símbolo de Varsóvia é esta sereia, cuja lenda remonta à Idade Média. A sereia Sawa foi salva por um pescador chamado Wars. Como forma de agradecimento, Sawa promete proteger o homem e sua cidade para sempre. E é daí que vem o nome Warsaw – Varsóvia, em polonês. A sereia é conhecida por ser a protetora de Varsóvia, estando presente na famosa estátua no Centro Histórico da cidade (chamada Cidade Velha) e no brasão de armas de Varsóvia. Dizem que ela podia ser vista nadando pelos rios da Polônia até o século XIX.
Era inverno, fazia muito frio, os dias cinzentos, mas não chegou a nevar. E como o inverno é minha estação preferida, só tornou tudo ainda mais especial. Fiquei hospedada em um hotel que é um clássico em Varsóvia: o Bristol. Além de Carla Damasceno, ali estiveram hospedadas outras personalidades como Marlene Dietrich, Sophia Loren, Pablo Picasso, Placido Domingo, Douglas Fairbanks etc. 😉 😉
Meu hotel em Varsóvia foi especial – é legendário na cidade desde 1901, quando foi fundado pelo compositor e pianista Ignacy Paderewski. O local foi tão importante para a vida cultural de Varsóvia que até oferecem um tour às várias dependências do Bristol (eu não fiz o tour, mas há). São famosos por um bolo que vendem, a Tort Bristol (nas versões pequeno, médio e grande). Delicioso, por sinal.
Continuando sobre Varsóvia, os duques de Mazóvia foram os primeiros governantes de Varsóvia, seu baluarte no século XIV. A localização central da cidade levou à transferência da capital de Cracóvia para Varsóvia em 1596, após a união da Polônia com a Lituânia. Embora o século XVIII tenha sido um período de declínio catastrófico para o estado polonês, passou por uma fase de prosperidade na época. Igrejas, palácios e parques magníficos foram construídos e a vida cultural e artística floresceu. No século XVI, Varsóvia perdeu o prestígio e se tornou uma mera cidade do império russo. Após a I Guerra foi restabelecida como capital.
Aqui um dos palácios mais espetaculares que já vi, o Muzeum Pałacu Króla Jana III w Wilanowie. Esse parque e palácio magnífico foram residência de verão do rei Jan III Sobieski, que acabou com a ameaça turca na Europa Central ao derrotá-los em Viena, em 1683. Há ainda próximo um mausoléu gótico lindo, igreja e salão de baile.
Outro local que eu recomendo visitar (e que tem um dos melhores restaurantes de Varsóvia) é o Parque Łazienki. Esse grande e popular parque é conhecido por abrigar o Palácio sobre a Água, do século XVIII. Foi residência de Estanislau Augusto Poniatowski, último rei da Polônia, que abdicou assim que a Terceira Partilha da Polônia dissolveu o reino em 1795. Recitais de piano ocorrem no local todo sábado e domingo, nos meses de verão.





O Barbacã é uma imponente seção fortificada das muralhas medievais da cidade. É possível subir por passagens e vislumbrar o rio Vístula.
E agora algumas imagens do Centro de Varsóvia ao anoitecer – tudo foi reconstruído após a II Guerra Mundial:






Esta foi uma igreja que conheci – e não me recordo do nome:
E a Cathédrale Saint-Jean de Varsovie, uma catedral gótica do século XV:




