Um dos principais atrativos turísticos do estado de Goiás, a Chapada dos Veadeiros é procurada principalmente por aqueles que querem aproveitar o contato com a natureza ou experimentar seu lado místico e terapias holísticas. Por sua proximidade com Brasília, distante a cerca de três horas, é bastante visitada pelos candangos, porém é um destino com uma natureza tão sublime, que eu recomendo enfaticamente a visita de todos os turistas, sejam do exterior ou de estados mais longínquos do País.

Abrangendo vários municípios, como Colinas do Sul, São Jorge, Cavalcante e Alto Paraíso de Goiás (onde nos hospedamos), a Chapada é um importante berço hidrográfico nacional e oferece belas paisagens naturais, com centenas de cachoeiras e enormes paredões rochosos, principais características do local. 

Visitei a Chapada em setembro de 2018 e pretendo retornar futuramente para me hospedar em Cavalcanti e São Jorge. O roteiro na Chapada dos Veadeiros inclui desde passeios mais calmos, como observações de pássaros, terapias holísticas, massagens e meditações, até os mais radicais, entre eles rapel e tirolesa praticados próximos às quedas d’água.

A fama esotérica da região é motivada, entre outros fatores, pelo paralelo 14, linha imaginária que atravessa Machu Picchu, no Peru, e também corta Alto Paraíso de Goiás. Além disso, o município está sobre uma enorme placa de quartzo. Segundo os místicos, esses fatores protegem a cidade de desastres naturais e proporcionam boas vibrações. Aqui há um misto de fazendeiros de Goiás, com a tradicional e bela música sertaneja (até nas rádios) – aquele Brasil Profundo – e hippies que ocuparam a região há algumas décadas, com muita Yoga, meditação e terapias alternativas.

Muitas pessoas, principalmente hippies, buscam a região para meditar ou esperando um contato com extraterrestres – referências aos ETs estão por toda a parte, do pórtico da cidade aos souvenires nas lojas na longa avenida central de Alto Paraíso.

Ao circular pelo centro de Alto Paraíso, vale a pena entrar nas muitas lojas que vendem cristais e pedras para todos os gostos por lá – afinal, trata-se de uma região cujo solo é riquíssimo em minerais. Os turistas compram as pedras principalmente por serem fontes de energia e terem diferentes significados.

E as surpresas não param por aí. Vi uma interessante loja de instrumentos musicais artesanais. O proprietário é o responsável pela confecção deles e a qualidade do som é excelente, com referências em grande parte aos instrumentos orientais.

Em Alto Paraíso de Goiás, vale a pena desfrutar de ao menos uma experiência com os muitos terapeutas holísticos do lugar. A experiência, que pode ser até mesmo em uma massagem, seja no hotel ou na cidade, complementa a viagem é fazer alguma massagem ou terapia disponível na cidade. Eu vi o anúncio de uma tal de “massagem lira”: por meio de musicoterapia, o relaxamento é obtido através das vibrações sonoras do instrumento.

Há uma variedade de artesanato, quadros, esculturas, mandalas e referências a deuses de vários panteões – como essa vela artesanal de coruja que eu amei.

 

Visitei um hostel muito diferente (do qual não me lembro do nome), com almoço vegano e prática de Yoga, administrado por garotas, entre elas uma portuguesa que reside em Alto Paraíso de Goiás desde 2011. Ela e outras ali coordenam o albergue, que funciona de modo “colaborativo” como ela me explicou. Ela não é a única estrangeira na cidade. Há suecos, alemães, italianos, franceses, uruguaios etc que, em geral, são proprietários de restaurantes. 

 

 

Há muitos budistas, hinduístas, seguidores de religiões afro-brasileiras (só vi umbanda, não vi referências à quimbanda) e mulheres praticantes de Wicca etc etc.

Perto de nosso hotel havia um condomínio residencial que, à primeira vista, juro que pensei que era um jardim de infância:

 Enfim, era tudo tão louco pra mim, quase psicodélico, tão distante da minha realidade e de tudo aquilo que eu aprecio (tirando raras exceções), que eu não conseguia parar de tirar fotos, pois eu me senti em uma grande (e divertidíssima) experiência antropológica.

E tudo é caro, viu? Não é porque é lugar “pode crer” que é barato, não… Há bares lá que, sem jantar, custou cerca de R$ 230,00 para duas pessoas, com 4 cervejas apenas… A Chapada dos Veadeiros é fantástica e vale a pena conhecer. Para se deslocar às várias cachoeiras espalhadas pela região é melhor ir de carro, pois não vi Uber e taxistas parecem raros.

 

Onde se hospedar

Recomendo a Pousada Maya, onde nos hospedamos, que une a filosofia do Feng Shui e a exuberância do bioma do cerrado da região à sofisticação dos hotéis que pertencem à criteriosa Associação de Hotéis Roteiros de Charme. Fazem parte desta associação somente hotéis brasileiros que reúnam excelência em conforto, qualidade de serviços e responsabilidade sócio-ambiental. A localização é privilegiada, estando a apenas um quilômetro da Avenida Central da cidade de Alto Paraíso, com vista para as montanhas da Chapada dos Veadeiros.

O lugar é ideal para quem busca paz e contemplação. O café da manhã é primoroso, delicioso, variado e eles ainda oferecem a opção de um lanche reforçado (que consistia em frutas, sanduíches e brownies caseiros, entre outras iguarias) para o hóspede levar e desfrutar no percurso das muitas trilhas pela Chapada.

A pousada dispõe de um variado “cardápio” de massagens e terapias alternativas. Basta pegar o contato do massoterapeuta de seu interesse e passar à recepção, que eles marcam um horário para seu atendimento no hotel, com o máximo de conforto, em uma sala de massagens que fica próxima à piscina. Eu fiz uma massagem Ayurvédica de uma hora e meia de duração, divina. Fiquei impressionada com a variedade de terapias oferecidas, muitas delas orientais.

Os chalés são confortáveis, com varandas, banheira espaçosa e cada espaço é mais acolhedor do que o outro. Um dos quartos é direcionado à praticantes de Yoga. Confira:

 

Cachoeiras da Fazenda São Bento 

Visitamos cachoeiras próximas à cidade onde nos hospedamos, Alto Paraíso de Goiás. Friso que há várias espalhadas pela região, mais próximas de Cavalcanti ou de São Jorge, as quais pretendo conhecer de futuro. No quesito “cidades de Goiás muito visitadas por moradores de Brasília”, já visitei Pirenópolis por diversas vezes (uma cidade colonial que adoro), mas nunca tinha estado na Chapada dos Veadeiros. Considerei as cachoeiras da Chapada ainda melhores do que as de Pirenópolis.

Um local imperdível é a Fazenda São Bento, bem no estilo agradável das fazendas dessa região, e que concentra três cachoeiras com trilhas relativamente fáceis – Almácegas I e II e São Bento. 

Na Fazenda São Bento, funciona uma acolhedora pousada, há restaurante que serve almoço e um charmoso café, além de uma capela bem no estilo do Brasil colonial:

 

Vale da Lua

Outro lugar imperdível é o Vale da Lua, que é um dos pontos mais visitados da Chapada dos Veadeiros. Formado há aproximadamente 600 milhões de anos, esse vale rochoso foi esculpido por um rio, formando desenhos diferenciados bem similares às crateras da Lua. Extremamente lindo e exótico, oferece ainda piscinas naturais entre grutas e fendas.

 

Cachoeira do Cristal

Como ficamos apenas um final de semana, não cheguei a conhecer todas as centenas de cachoeiras da região e elencamos aquelas de maior interesse para o nosso exíguo tempo pela Chapada. Entre elas, além do Vale da Lua e das cachoeiras da Fazenda São Bento, passamos o dia na Cachoeira do Cristal. E digo: não é à toa que essa área da Região Centro-Oeste é considerada Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO…

A Cachoeira do Cristal concentra sete cachoeiras e poços. O Véu de Noiva é a principal queda d’água, considerada a mais bonita e com maior poço para banho. Ao tomar sol ou nadar, não há como não ficar hipnotizado com a vista da serra e do vale. O local tem boa infraestrutura e área de camping para quem aprecia esse tipo de hospedagem.