Braga e Bom Jesus do Monte – Norte de Portugal (Minho)

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Chamada nos tempos romanos de Bracara Augusta, Braga tem um longo passado como centro religioso e comercial

Cidade onde meu trisavô, natural de Guimarães, se estabeleceu antes de vir ao Brasil. Igrejas, mansões do século XVIII (muitas delas Barrocas) e belos jardins dão interesse especial ao Centro de Braga, hoje rodeado por bairros mais recentes que cresceram com o desenvolvimento urbano da região. Chamada nos tempos romanos de Bracara Augusta, Braga tem um longo passado como centro religioso e comercial. 

As referências ao nome de origem romana estão por toda a parte:

 

No século XII, tornou-se sede do arcebispado português e a capital religiosa do país. Perdeu parte de sua influência no século XIX, mas ainda hoje continua a ser a capital eclesiástica de Portugal e a principal cidade da região do Minho.

O que não falta são igrejas:

 

Integrada em uma parede exterior à Catedral de Braga, encontra-se uma inscrição romana, conhecida desde o século XVIII, que evoca o culto da deusa Isis em Bracara Augusta. A importância da divindade, de origem egípcia, pelo fato de a inscrição ter sido dedicada por uma personagem importante da cidade, de nome Lucrécia Fida, que ocupava o cargo de sacerdotisa perpétua de Roma e de Augusto. Acredita-se que a inscrição pertencia a um templo que poderia localizar-se nas imediações de onde hoje está a Sé Catedral. O culto à deusa Isis difundiu-se na Hispânia a partir do século II e era essencialmente feminino.

 

Há muito o que visitar em Braga. Recomendo o Museu Pio XII, dedicado à Arte Sacra e Arqueologia. Situa-se, juntamente com o Museu Medina, no edifício do Seminário Conciliar de Santiago. Ali pude ver uma série de achados arqueológicos, como um Menir, uma grande estela funerária romana, frisos e sepulcros visigóticos etc.

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Menir no Museu Pio XII, que tem achados arqueológicos
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Estela funerária romana no Museu Pio XII
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Friso visigótico no Museu Pio XII

Visite o lindo jardim do Palácio dos Biscainhos, que foi residência de uma família nobre do século XVII aos anos 60 do século XX. Agora, meu local favorito em Braga, sem dúvidas, é o Palácio do Raio, em Barroco joanino, construído em 1752. É um dos mais notáveis edifícios de arquitectura civil da cidade. A porta de vidros coloridos que separa o átrio da escadaria proporciona uma iluminação excelente para fotos.

O Palácio do Raio:

 

Palácio dos Biscainhos:

 

Se você é como eu e aprecia folclore e trajes típicos, então dê uma passada no Museu do Traje, dedicado à etnografia do Minho. Ali estão expostos os vários trajes típicos da região e itens que fazem parte de sua história popular, com destaque para os instrumentos musicais minhotos: concertina, a viola braguesa e o cavaquinho, entre outros. O cavaquinho – esse instrumento tão popular no Brasil – é muito associado à cultura popular de Braga. É o mais popular dos instrumentos de corda portugueses. Toca-se geralmente como instrumento harmônico para acompanhamento de danças. Da região de Braga fora levado para as ilhas de Madeira e Açores. Além do Brasil, também tem grande popularidade em Cabo Verde e Indonésia.

 

Outro local digno de uma visita, nos arredores de Braga, é o Mosteiro de São Martinho de Tibães. A partir do século XII foi terrificado por Paio Gutierrez da Silva e ocupado pela Congregação Beneditina. Desde o século XVI, é a casa-mãe da Ordem para Portugal e Brasil. Aliás, no Mosteiro de Tibães, eles muito me citaram o Mosteiro de São Bento de São Paulo, que também é formidável.

Ainda no entorno de Braga está também a bela Capela de São Furtuoso de Montélios. Aliás, à medida que se distancie de Braga, você irá se deparar com uma série de igrejas suntuosas pelo caminho. Merece destaque o Bom Jesus do Monte, sobre o qual falarei a seguir.

Capela de São Furtuoso de Montélios:

 

Imagens adicionais de Braga e de seus arredores:

 

Santuário de Bom Jesus do Monte

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Em uma encosta coberta de árvores a leste de Braga, fica o mais espetacular santuário de Portugal. Em 1722, o arcebispo de Braga teve a ideia de construir a gigantesca Escadaria de Bom Jesus, em estilo Barroco, para dar acesso a um pequeno santuário. 

A escada e a nova igreja de Bom Jesus foram concluídas por Carlos Amarante em 1811. A parte inferior é uma íngreme Via Crucis com capelas em todas as catorze estações da Paixão que culmina na crucificação de Cristo.

O Escadatório dos Cinco Sentidos, na parte intermediária da construção, representa os sentidos com fontes e estátuas bíblicas, mitológicas e simbólicas. A seguir, a alegórica escadaria das Três Virtudes leva a uma esplanada que oferece lindas vistas e acesso à igreja.

As igrejas de Bom Jesus do Monte, em Braga, e de Congonhas, no estado de Minas Gerais, são muito similares. O Santuário de Bom Jesus do Matozinho, em Congonhas, com os Doze Profetas em pedra-sabão esculpidos por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho – local que visitei em Minas Gerais e sobre o qual irei descrever de futuro no blog – guarda semelhança com o Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga, por conta da promessa de cura de uma doença grave do português Feliciano Mendes, natural de Guimarães, Portugal, que, ao chegar em Minas Gerais, mandou construí-la inspirada na célebre igreja de Braga. 

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À esquerda, Bom Jesus do Monte em Braga, Portugal. À direita, Bom Jesus do Matozinho em Congonhas, Minas Gerais, Brasil.

 

 

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